Muita gente no Brasil está endividada. Segundo a CNDL e o SPC Brasil, mais de 60% das famílias têm algum tipo de dívida. E 23% das pessoas pegaram empréstimo pessoal nos últimos 12 meses. Mas será que empréstimo é sempre uma boa ideia? Ou pode virar uma armadilha? A resposta é: depende do motivo, do tipo e de como você vai pagar. Neste post, vamos explicar de forma simples quando pegar empréstimo vale a pena, quando não vale e como escolher a melhor opção para o seu bolso.
O que é um empréstimo, de verdade?
Vamos começar pelo básico. Quando você faz um empréstimo, está pegando dinheiro emprestado de alguém, geralmente de um banco, de uma fintech (empresa digital de finanças), ou de uma cooperativa. Mas esse dinheiro não é de graça.
Você faz um acordo: recebe o valor agora e devolve depois, em parcelas. Só que junto com essas parcelas, você paga um valor a mais, chamado de juros.
Por exemplo: se você pega R$ 1.000 emprestado hoje, pode acabar pagando R$ 1.300 ao final de 12 meses. Esses R$ 300 extras são os juros cobrados por usar aquele dinheiro por um tempo.
Hoje, a taxa média de juros do empréstimo pessoal está em torno de 7,9% ao mês (dados de julho de 2024). Mas esse valor pode mudar dependendo do banco, da sua situação financeira e da economia do país.
Se a taxa de juros estiver alta, o empréstimo fica mais caro. Por isso, é importante entender o contexto antes de decidir.
Quando pegar empréstimo vale a pena?
Nem todo empréstimo é ruim. Em alguns casos, ele pode ser uma boa solução, desde que você use com responsabilidade.
Veja três situações em que o empréstimo pode ajudar:
1. Para Quitar Dívidas com Juros Muito Altos
Se você tem dívida de cartão de crédito ou cheque especial, cuidado. Essas são duas das dívidas mais caras do mercado, com juros que podem passar de 10% ao mês.
Nesses casos, pegar um empréstimo com juros mais baixos (como 7% ou 8% ao mês) pode ser vantajoso. Você troca uma dívida mais cara por outra mais barata. Isso se chama portabilidade da dívida.
Mas atenção: só vale a pena se você organizar suas finanças e parar de usar o limite do cartão ou o cheque especial depois.
2. Para Emergências de Verdade
Tem momentos em que a gente não tem escolha. Um problema de saúde, um exame urgente, o conserto do carro que você usa para trabalhar ou até um reparo na casa.
Nessas horas, o empréstimo pode ser uma forma de resolver o problema rapidamente. O importante é buscar a opção com juros mais baixos possível e ter um plano para pagar as parcelas sem se enrolar.
3. Para Investir no Trabalho ou nos Estudos
Você também pode considerar um empréstimo se for usar o dinheiro para aumentar sua renda no futuro. Por exemplo:
- Comprar ferramentas para trabalhar
- Investir em um curso profissionalizante
- Abrir um pequeno negócio
Imagine que você pega R$ 500 emprestado para comprar material e, com isso, consegue ganhar R$ 1.000 a mais no mês. Nesse caso, o empréstimo ajudou a melhorar sua vida. Mas só faça isso se tiver clareza do retorno e certeza que vai conseguir pagar.
Quando NÃO vale a pena pegar empréstimo?
Agora vamos falar dos casos em que o empréstimo pode virar um problema:
1. Para Gastos por Impulso
Evite pegar empréstimo para comprar coisas por vontade momentânea, como celular novo, viagem, roupas ou eletrônicos. Você pode acabar pagando o dobro do valor só por não ter esperado o momento certo.
2. Para Ajudar Alguém (sem ter segurança)
É nobre querer ajudar um parente ou amigo, mas se você não tiver certeza de que vai conseguir pagar as parcelas sozinho, melhor não arriscar. Você pode acabar no prejuízo.
3. Para Pagar Outro Empréstimo
Se você está pegando um empréstimo só para pagar outro, sem mudar seu comportamento financeiro, o risco é de virar uma bola de neve. Isso só funciona se a nova dívida tiver juros mais baixos e você tiver um plano para se organizar de verdade.
4. Se as parcelas forem muito pesadas
Se o valor das parcelas ultrapassa 30 a 35% da sua renda líquida (renda depois dos descontos), o risco é grande. Fica difícil pagar as contas do mês e fácil cair no atraso.
5. Em momentos de juros altos no mercado
Se os juros no país estiverem muito altos (como agora, com a Selic em 15% ao ano), os empréstimos ficam mais caros. Talvez seja melhor esperar um pouco, juntar dinheiro ou buscar alternativas mais baratas, como programas de microcrédito.
Quer comparar os bancos e descobrir qual é o melhor lugar para pedir empréstimo?
Confira nosso guia completo com as melhores opções, taxas e dicas de cada banco: melhor banco para empréstimo
Como comparar empréstimos e escolher com segurança
Antes de fechar um contrato de empréstimo, siga esse passo a passo:
1. Pesquise em vários lugares
Compare as ofertas de bancos tradicionais, fintechs, cooperativas e programas do governo. Cada um pode ter uma condição diferente.
2. Olhe o CET (Custo Efetivo Total)
O CET mostra quanto o empréstimo vai te custar no total, incluindo juros, taxas, IOF, seguros e encargos. Nunca olhe só o valor da parcela.
3. Simule com prazos diferentes
Parcelas menores por mês podem parecer melhores, mas geralmente significam mais juros no total. Simule opções curtas e longas.
4. Veja se tem taxas escondidas
Cheque se tem cobrança de IOF (imposto obrigatório), seguros embutidos ou multas por atraso e antecipação.
5. Faça as contas no seu orçamento
Use um simulador online e veja se as parcelas cabem dentro de até 35% da sua renda. Mais do que isso, é arriscado.
6. Leia o contrato com atenção
Prefira contratos claros, com todas as informações visíveis. Se tiver dúvida, peça ajuda a alguém de confiança.
7. Confirme se a empresa é confiável
Veja se o banco ou fintech está registrado no site do Banco Central. Fuja de propostas feitas por WhatsApp, que pedem pagamento adiantado ou que prometem “dinheiro fácil”.
Oportunidades de crédito em 2025
O governo lançou novas opções de microcrédito para ajudar pequenos negócios e trabalhadores informais. Um deles é o Crédito do Trabalhador, com taxa média de 3,6% ao mês, voltado para quem é MEI ou tem baixa renda.
Essas linhas costumam ter menos juros e mais chances de aprovação, então podem ser uma boa saída para quem precisa investir em trabalho ou resolver uma emergência.
Quadro Resumo: Quando vale e quando não vale pegar empréstimo
Situação | Juros | Risco | Vale a pena? | Observação |
---|---|---|---|---|
Quitar dívida cara | até 8% a.m. | Baixo | Sim | Só se for pra sair de dívida mais cara |
Emergência médica | até 8% a.m. | Médio | Sim | Priorize a saúde |
Investir no trabalho | até 8% a.m. | Baixo | Sim | Se o retorno for garantido |
Compra por impulso | qualquer taxa | Alto | Não | Espere ou junte dinheiro |
Ajudar terceiros | qualquer taxa | Alto | Não | Priorize sua segurança |
Pagar outro empréstimo | mesmo ou mais | Alto | Não | Risco de descontrole |
Fique atento ao cenário do país
- Juros altos: Com a Selic elevada, os empréstimos ficam mais caros. Pense bem antes de pegar crédito agora.
- Novas opções em 2025: Programas de governo e linhas de microcrédito estão crescendo. Fique de olho.
- Expansão menor do crédito: Os bancos estão mais seletivos, então vale pesquisar bem e manter o nome limpo.
O que impede de pegar empréstimo?
- Score baixo ou nome negativado: estar negativado não impede totalmente, mas diminui suas chances de aprovação e pode resultar em juros mais altos ou prazos menores .
- Renda comprometida ou insuficiente: se suas parcelas já comprometem mais de 30% da sua renda líquida, a instituição pode recusar o pedido por risco de inadimplência.
- Documentação irregular ou desatualizada: nome escrito errado, comprovante vencido ou ilegível pode atrasar ou impedir a aprovação do empréstimo
- Margem consignável zero (apenas para consignado): se você já usou toda a margem de desconto direto em folha (até 35% do salário), não pode contratar outro consignado até sair margem.
- Restrições na conta: no consignado privado, você não consegue contratar novo empréstimo em conta pessoa jurídica se já tiver em conta pessoa física, e vice-versa
Quem já tem empréstimo pode fazer outro?
- Sim, é possível contratar mais de um empréstimo, desde que a instituição financeira aprove após análise de crédito. Não há limite legal rígido, mas a aprovação depende do seu perfil e capacidade de pagamento.
- No consignado INSS ou CLT: você pode ter múltiplos contratos, desde que respeite a margem consignável e o limite de linhas (até 13 consignados ativos).
- Consignado privado (CLT): as regras de 2025 limitam a um contrato por vínculo empregatício. Ou seja, só será possível novo empréstimo após quitar o anterior, mesmo que ainda exista margem disponível
- Portabilidade e trocas: mesmo quem já tem empréstimo pode fazer outro via portabilidade migrando a dívida para uma linha com juros menores e, se houver margem disponível, contratar novo crédito pelo Crédito do Trabalhador
Dicas finais
- Empréstimo pode ser um aliado se for usado com estratégia e planejamento.
- Só pegue se for para resolver um problema real ou investir no seu futuro.
- Nunca aceite a primeira proposta sem pesquisar.
- Sempre olhe o CET e veja se cabe no seu bolso.
- Fuja de promessas milagrosas e ofertas por redes sociais.
- Confie em instituições registradas e leia tudo antes de assinar.
Empréstimo não é dinheiro extra. É um compromisso. Use com responsabilidade e você evita problemas maiores no futuro.
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