Investir em ações pode parecer algo distante, complicado ou reservado apenas para pessoas que já entendem muito de finanças. Talvez você já tenha ouvido alguém dizer que “investe na Bolsa” ou que “comprou ações de tal empresa” e tenha pensado: isso não é para mim.
Mas a verdade é que qualquer pessoa pode investir em ações, mesmo começando com pouco dinheiro desde que entenda como funciona e quais são os riscos.
Neste guia, vamos explicar de forma clara e simples o que são ações, como funciona a Bolsa de Valores. Como ganhar dinheiro com esse tipo de investimento, quais são os riscos e o que você precisa saber antes de começar. Se você nunca ouviu falar sobre isso, ou acha que é muito complicado, pode relaxar: vamos explicar tudo do zero.
O que são ações?
Pense em uma empresa como uma pizza.
Se essa pizza for dividida em várias fatias, cada fatia representa uma ação. Quando você compra uma ação, está comprando uma parte daquela empresa e se tornando sócio dela mesmo que seja com uma parcela bem pequena.
Por exemplo:
- Imagine que uma empresa vale R$ 1 bilhão e divide esse valor em 1 milhão de ações.
- Cada ação vale R$ 1.
- Se você comprar 10 ações, será dono de 10 partes dessa empresa.
Ao se tornar acionista, você participa dos resultados da empresa: se ela crescer e lucrar, suas ações podem valorizar. Mas se a empresa tiver prejuízos, o valor das ações pode cair.

O que é a Bolsa de Valores?
A Bolsa de Valores é como um grande mercado organizado onde investidores compram e vendem ações. No Brasil, essa bolsa se chama B3 (Brasil, Bolsa, Balcão).
É nela que empresas listadas disponibilizam suas ações para negociação, e é nela que investidores, pessoas físicas ou grandes fundos, compram e vendem essas ações.
O processo é todo digital, feito por meio de corretoras de valores.
Você envia dinheiro para sua conta na corretora e, pelo Home Broker (plataforma de negociação), pode escolher quais ações comprar ou vender.
O papel da Bolsa é:
- Organizar e registrar as negociações
- Garantir que compradores e vendedores cumpram os acordos
- Dar transparência ao preço e ao histórico das ações
Renda Fixa x Renda Variável: Entenda as Diferenças
Antes de investir em ações, é importante entender a diferença entre renda fixa e renda variável. Esses são os dois grandes grupos de investimentos disponíveis no mercado, e cada um funciona de forma diferente.
Renda Fixa
Na renda fixa, você já sabe como será a remuneração do seu investimento ou, pelo menos, a forma como ela será calculada. É como emprestar dinheiro e saber de antemão quanto vai receber de volta, com juros. Aqui entram investimentos como Tesouro Direto, CDB, LCI, LCA e até a “caixinha” do Nubank. Eles têm mais previsibilidade e, geralmente, menor risco. Por isso, são indicados para quem está começando, para formar reserva de emergência ou para objetivos de curto e médio prazo.
Renda Variável
Na renda variável, o retorno não é previsível e pode mudar a qualquer momento. Isso porque o valor do investimento depende de fatores do mercado, como desempenho das empresas, economia do país e até eventos internacionais. Aqui entram as ações, ETFs, fundos imobiliários e até criptomoedas. É possível ter ganhos maiores, mas também correr mais riscos, inclusive perder parte do que foi investido. Por isso, é recomendada para objetivos de longo prazo e para quem está disposto a acompanhar e estudar o mercado.
Resumo Prático: renda fixa é estabilidade e previsibilidade; renda variável é potencial de crescimento, mas com oscilações. Muitos investidores combinam as duas modalidades para equilibrar segurança e rentabilidade.

Como você ganha dinheiro com ações?
Existem duas principais formas:
- Valorização das ações
- Você compra uma ação por R$ 10 e, algum tempo depois, ela passa a valer R$ 15.
- Se vender, lucra R$ 5 por ação.
- Esse ganho depende da performance da empresa e das condições do mercado.
- Dividendos
- Algumas empresas repassam parte do lucro aos acionistas.
- Esse pagamento, chamado dividendo, cai direto na sua conta da corretora.
- Empresas mais estáveis e lucrativas costumam pagar dividendos com frequência.
Existem também ações que pagam juros sobre capital próprio (JCP), que é outra forma de repassar lucro aos acionistas.
Tipos de ações
Na Bolsa brasileira, existem dois principais tipos:
- Ações Ordinárias (ON)
- Dão direito a voto nas assembleias da empresa
- Código termina com o número 3 (ex.: PETR3)
- Indicado para quem quer participar das decisões da companhia
- Ações Preferenciais (PN)
- Não dão direito a voto, mas costumam pagar mais dividendos
- Código termina com o número 4 (ex.: PETR4)
- Indicadas para quem busca mais renda passiva
Além disso, existem as Units, que são pacotes de ações ON e PN juntos, identificados pelo final 11 no código (ex.: TAEE11).
É possível viver de dividendos?
Sim, é possível viver de dividendos, e muitas pessoas têm esse objetivo de longo prazo. A ideia é construir uma carteira de investimentos que gere renda passiva suficiente para cobrir todas as suas despesas mensais. Essa renda pode vir na forma de dividendos pagos por ações, mas também de outros investimentos que distribuem lucros, como Fundos Imobiliários (FIIs), que costumam pagar mensalmente.
No entanto, alcançar esse patamar exige muito tempo, disciplina e planejamento financeiro. É preciso investir de forma consistente por anos, reinvestindo os dividendos recebidos para acelerar o crescimento da carteira. Além disso, o valor necessário para viver de dividendos costuma ser alto, pois envolve criar um patrimônio capaz de gerar um fluxo de caixa estável mesmo em períodos de crise.
Na prática, dificilmente alguém vive apenas dos dividendos de ações. O mais comum é combinar diferentes fontes, como ações de empresas sólidas e pagadoras, fundos imobiliários, ETFs de dividendos e até alguns títulos de renda fixa que pagam juros periódicos. Essa diversificação ajuda a reduzir riscos e manter a renda mais previsível ao longo do tempo.
Portanto, viver de dividendos pode ser um excelente objetivo de vida, mas é um projeto de décadas, não de meses. Quanto antes começar, mais tempo o efeito dos juros compostos terá para trabalhar a seu favor.
Quais são os riscos?
Investir em ações significa aplicar seu dinheiro em um ativo cujo valor varia todos os dias. Essa variação, chamada de volatilidade, pode ser pequena em alguns momentos e muito grande em outros, dependendo de uma série de fatores que vão muito além do controle do investidor.
O preço de uma ação pode subir ou cair rapidamente por motivos como:
- Situação econômica do país: inflação alta, aumento de juros, desemprego ou desaceleração econômica podem afetar a confiança dos investidores e reduzir o valor das ações.
- Resultados da empresa: lucros abaixo do esperado, aumento de dívidas ou perda de participação no mercado tendem a impactar negativamente o preço.
- Crises políticas ou globais: instabilidade política, guerras, pandemias ou crises financeiras internacionais podem gerar quedas expressivas na Bolsa.
- Mudanças no setor: novas tecnologias, concorrência agressiva ou alterações na regulamentação podem reduzir a competitividade de uma empresa.
Ao contrário de investimentos como Tesouro Direto, CDB ou a caixinha do Nubank, que oferecem previsibilidade e baixa oscilação, as ações não têm rendimento garantido. Você pode ter um retorno muito acima da média em alguns períodos, mas também pode perder dinheiro, inclusive uma parte significativa do valor investido.
Embora perder 100% do capital seja menos comum, é possível que isso aconteça caso a empresa entre em falência e suas ações percam completamente o valor. Por isso, é fundamental investir apenas valores que você esteja disposto a manter a longo prazo, diversificar sua carteira e acompanhar de perto o desempenho das empresas nas quais investe.
Comparativo: ações x caixinha do Nubank x porquinho do Inter
Característica | Ações | Caixinha do Nubank | Porquinho do Inter |
---|---|---|---|
Risco | Alto | Baixo | Baixo |
Rendimento | Variável | Pré ou pós-fixado (CDB) | Pós-fixado (CDB) |
Garantia FGC | Não | Sim | Sim |
Prazo de resgate | Rápido | De 1 dia a alguns meses | De 1 dia a alguns meses |
Indicado para | Longo prazo, quem aceita oscilações | Reserva de emergência ou metas curtas | Reserva de emergência ou metas curtas |
Como começar a investir em ações
- Abra conta em uma corretora confiável e sem taxa de corretagem (ex.: NuInvest, Clear, Inter, BTG Pactual).
- Transfira dinheiro para a conta da corretora.
- Pesquise as empresas que te interessam, analise lucros, dívidas, perspectivas.
- Use o Home Broker para comprar as ações.
- Acompanhe seus investimentos e estude continuamente.
É possível começar com menos de R$ 50, mas o ideal é pensar no longo prazo e reinvestir os ganhos.
Quer entender mais sobre investimentos antes de começar nas ações?
Se você está conhecendo agora o universo das ações, pode ser interessante dar um passo atrás e aprender o básico sobre como o mundo dos investimentos funciona. Assim, você entende conceitos importantes como rentabilidade, risco, liquidez e diversificação antes de colocar seu dinheiro na Bolsa. No nosso Guia Completo para Iniciantes em Investimentos, explicamos de forma simples todos esses pontos, com exemplos práticos e dicas para começar de forma segura. É um bom ponto de partida para construir conhecimento e tomar decisões mais conscientes.
Como estudar ações
Para estudar mais sobre ações e tomar decisões de investimento mais seguras, é importante criar um hábito contínuo de aprendizado. Um bom ponto de partida é ler os relatórios das empresas, que estão disponíveis gratuitamente no site de Relações com Investidores (RI) de cada companhia. Esses relatórios incluem balanços financeiros, resultados trimestrais e comunicados ao mercado, e ajudam a entender como a empresa está indo em termos de lucro, dívida, crescimento e estratégias para o futuro.
Além disso, acompanhar notícias sobre o setor em que a empresa atua é essencial. Mudanças na economia, novas leis, crises ou inovações podem afetar diretamente o valor das ações. Portais de notícias, podcasts e até perfis especializados nas redes sociais podem ser fontes úteis, mas sempre verifique se a informação vem de canais confiáveis.
Outro passo é aprender sobre indicadores financeiros, como o P/L (Preço/Lucro), que mostra se uma ação está cara ou barata em relação ao lucro que gera, e o ROE (Retorno sobre o Patrimônio), que indica a eficiência da empresa em gerar lucro com o dinheiro dos acionistas. Como o objetivo é simplificar, vale sempre buscar explicações em linguagem clara para entender esses termos, sem se perder em fórmulas complexas.
Por fim, participar de cursos, webinars e conteúdos gratuitos sobre o mercado de ações pode acelerar o aprendizado. Muitas corretoras, influenciadores sérios e até universidades oferecem treinamentos acessíveis para iniciantes, ajudando a desenvolver uma visão mais crítica e estratégica sobre onde e como investir.
ETF: um jeito de investir em várias ações ao mesmo tempo
ETF (Exchange Traded Fund) é um tipo de fundo de investimento que reúne várias ações ou outros ativos e é negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma única ação. Ele funciona como um “pacote pronto” de investimentos: em vez de comprar ações individuais e montar a sua própria carteira, você compra uma cota do ETF e automaticamente passa a ter participação em todas as empresas que ele representa.
Por exemplo, o BOVA11 é um ETF muito popular no Brasil, que acompanha o desempenho das maiores empresas listadas na B3, como Petrobras, Vale, Itaú e Ambev. Isso significa que, ao comprar apenas uma cota do BOVA11, você está investindo em dezenas de empresas ao mesmo tempo, de forma simples e prática. Essa diversificação automática ajuda a reduzir o risco de depender dos resultados de uma única empresa, já que o desempenho do seu investimento será influenciado pelo conjunto dessas companhias e não apenas por uma delas. Além disso, os ETFs costumam ter custos mais baixos que fundos tradicionais e permitem que você comece a investir com valores acessíveis.
Imposto de Renda em ações
O Imposto de Renda sobre ações é um ponto que gera muitas dúvidas entre iniciantes, mas entender as regras evita problemas futuros com a Receita Federal. A primeira coisa a saber é que, se você vender ações e o valor total dessas vendas no mês não ultrapassar R$ 20.000, o lucro obtido é isento de IR. Essa regra vale apenas para operações comuns, ou seja, aquelas em que você compra e vende as ações em dias diferentes.
Por outro lado, se o total de vendas no mês ultrapassar R$ 20.000, o lucro será tributado em 15%. Esse percentual é aplicado sobre o ganho líquido, que é o valor que sobra depois de descontar o custo de compra, as taxas da corretora e outros custos. Vale lembrar que, nesse caso, o próprio investidor é responsável por calcular o imposto devido e pagar via DARF até o último dia útil do mês seguinte à venda.
Já os dividendos, que são a parte do lucro distribuída pelas empresas aos acionistas, são isentos de Imposto de Renda no Brasil. Isso significa que, quando você recebe dividendos na sua conta da corretora, o valor é líquido, sem desconto de impostos. No entanto, mesmo sendo isentos, eles devem ser informados na sua declaração anual.
É importante reforçar que todos os investimentos em ações precisam ser declarados no Imposto de Renda, mesmo que você não tenha vendido nada durante o ano. Isso garante que sua situação fiscal esteja regularizada e evita multas. Para iniciantes, uma boa prática é anotar todas as operações realizadas e guardar os extratos da corretora, facilitando a organização na hora de declarar.
Conclusão
Investir em ações é participar diretamente do crescimento das maiores empresas do país e do mundo. É um investimento com potencial de altos ganhos, mas que exige conhecimento, paciência e controle emocional.
Diferente de investimentos mais seguros, como CDB ou Tesouro Direto, as ações têm oscilações e podem gerar perdas por isso, não é indicado colocar todo o seu dinheiro nelas.
Se você está começando agora:
- Comece pequeno
- Estude sempre
- Diversifique
- Pense no longo prazo
Com disciplina e informação, investir em ações pode ser um passo importante para construir patrimônio e conquistar mais liberdade financeira.